Tecnologia, legislação e competitividade marcam Congresso ANDAV 2019

A partir de agosto do próximo ano, os distribuidores de insumos agropecuários, assim como todas as demais atividades empresariais brasileiras, terão de mudar sua cultura em relação aos cuidados que deve tomar em relação aos dados internos e também com os que compartilham com clientes, fornecedores e colaboradores. O alerta foi feito na palestra Impactos da Lei Geral de Proteção de Dados no Setor da Distribuição de Insumos Agropecuários, proferida pelo advogado Renato Leite, especialista em proteção de dados, durante o Congresso ANDAV – Fórum & Exposição, que se encerra nesta quarta (14) em São Paulo.

“Todos nós devemos nos preparar, pois os vazamentos ou desvios de dados que vierem a ocorrer deverão, a partir de agosto de 2020, ser tipificados com violação da nova Lei e estará sujeita a punições estabelecidas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, cujos diretores e gestores serão nomeados até o final deste mês”, explicou o palestrante. A seu ver, o que deve ocorrer é uma harmonização e uma padronização das cerca de 50 leis que atualmente disciplinam essa questão. “O que acontece hoje é que todas essas leis não dialogam entre si, gerando uma grande insegurança jurídica na sociedade de forma eral”, explicou. 

Agronegócio 4.0 – O agronegócio brasileiro vem intensificando a aplicação de tecnologia no campo. Segundo a Embrapa Informática Agropecuária, no Brasil, em 10 anos, o uso do celular e do smartphone cresceu 1.790% no campo. “Estamos falando de fazendas conectadas e um agronegócio baseado em cultura digital, o que abre diversas possibilidades para o setor, que já assimilou processos como robotização, blockchain, big data, analytics. O próximo passo vem no caminho da análise de dados, baseada em internet das coisas, que permitirá antecipar decisões em várias etapas do processo. Hoje já se diz que os dados são o novo petróleo”, afirmou Silvia Massruhá, diretora chefe do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária, durante o painel Distribuição 4.0: O sopro de inovação das Startups, BIG Data & Data Analytics, IA e Otras Tecnologias aplicadas à Distribuição, promovido no Congresso ANDAV – Fórum & Exposição, em São Paulo.

Fabricio Pezente, CEO da Traive Finance, ressaltou que este é um bom momento para os investimentos em tecnologia voltada para o setor agrícola e que ainda não existe, inclusive nos Estados Unidos, um hub que tenha consolidado o campo de desenvolvimento tecnológico dentro desse segmento. “O setor ainda é um dos menos digitalizados”. Atualmente, segundo ele, 29% das soluções para o campo estão voltadas para a área de sistemas de gestão, 22% para análises de dados e 18% para o setor do marketplace. “Um dos grandes gargalos existentes no setor agrícola está na área do crédito e essa é a tendência de onde devem surgir novas soluções”, afirmou. Com moderação de Alberto Yoshida, da Yoshida & Hirata Agronegócios e 1º vice presidente do Conselho Diretor da ANDAV, o painel ainda teve a apresentação de Ronaldo Oliveira, partner development manager do Brasil e Latam da Amazon, que destacou que o ciclo atual de vida das empresas – de 15 anos – ocorre devido à dificuldade que elas têm em enxergar as mudanças comportamentais do mercado. Ele avaliou ainda que não é necessário ter um grande investimento para criar tecnologia. “Inovar não é uma questão de investimento, mas de agregar valor ao produto e saber quanto o cliente está disposto a pagar pelo serviço”, disse. “Com o surgimento das Agritechs, aumentará significativamente a demanda por tecnologia no campo”, finalizou.

Painel do Congresso ANDAV debateu os desafios para as distribuidoras se manterem competitivas e relevantes 

O distribuidor de insumos agropecuário brasileiro precisa encontrar mecanismos de introduzir o e-commerce em suas estratégias comerciais. O conselho foi dado por Gustavo Barbosa, diretor comercial da Luft Solutions, ao participar do painel Competitividade: Os Desafios das Distribuidoras para se Manterem Competitivas e Acima de Tudo Relevantes, promovido durante o Congresso ANDAV – Fórum & Exposição.

“Esse é um canal de vendas que não pode ser ignorado, pois no ano passado ele foi responsável por 12% das vendas mundiais e movimentou no ano passado R$ 61 bilhões no Brasil em 2018, um crescimento de 15% sobre o ano anterior”, afirmou Barbosa, que lembrou o quanto esse segmento depende do apoio dado ao produtor, trabalho que, na maioria dos casos, é feito pelo distribuidor.

Outro participante do painel, Luciano Daher, diretor comercial da Syngenta, disse que concorda com a análise de Barbosa sobre se pensar no e-commerce como alternativa de vendas, mas salientou que o distribuidor tem de se manter próximo do agricultor. “O e-commerce é importante, mas o empresário do ramo de distribuição tem de, antes de tudo, fazer bem feito o simples que sempre fez, prestando um serviço personalizado, ter velocidade de resposta às demandas dos clientes e ganhar escala”, afirmou, destacando que um distribuidor alinhado com seu cliente sempre terá seu espaço no mercado.

Em relação à competitividade, questão principal do painel, moderado por Antonio Henrique, presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV), Matheus Cônsoli, sócio da Markestrat Group lembrou que o desafio maior do distribuidor é ter de lidar hoje com um produtor que está melhor informado e mais profissionalizado, inclusive tendo à frente dos negócios uma nova geração.

Em transformação – O professor e escritor Pedro Calabrez, autor do best seller Em busca de Nós Mesmos, destacou a capacidade de transformação do ambiente por parte do ser humano o que não depende de tecnologia avançada, mas de uma mudança de padrão de pensamento.

Ele ressaltou a relação entre medo, insegurança e pobreza, oposto a relação de segurança, confiança e riqueza. “Países onde há maior confiança da população também são os países mais riscos. A desconfiança gera o medo que, por sua vez, leva ao egoísmo e à corrupção. Isso tem um custo alto para o país, como, por exemplo, em taxa de juros. Do mesmo jeito ocorre com a empresa, levando a um efeito em escala de atitudes não éticas ou até mesmo a perda dos bons colaboradores”, finalizou.

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